terça-feira, 23 de março de 2010

Festas privadas







Havia um tempo em que eu me pensava presa, em que aquela união me sufocava, e a partilha diária me roubava pedaços meus. Sentia-me fechada, contida. A estabilidade eram muros, tão altos como a minha vontade de fugir.

Então escondia-me, vestia disfarçes, trocava de olhar, para mais tarde trocar de história. Adiantava o passo, corria pela noite e deixava-me apanhar.
Viajava com pressa e extâse, e com tanta solidão. Partilhava segredos, filmava pecados. Abria as portas ao Diabo para as nossas festas privadas.
Manhãs de riso e ressaca, depois das noites cúmplices, com sabor a glória.
Casas, ruas, e praias. Salas com gente e fumo, corredores apagados, e mundo e suspenso. Dormir é queimar tempo, ou mostrar afecto, por isso vou para casa. Tomo um banho, lavo a cara sem vergonha, e desco à Terra. "O que se passa na noite fica na noite", e voltava sempre ao meu mundo sem pesos na consciencia.

Agora, visto de cima, ficam as saudades daquela união que me alimentava, da partilha que me aconchegava os dias, e de todo o tempo em que eu na verdade não sabia sentir.

segunda-feira, 22 de março de 2010

É então Primavera! Ou eu acordei de novo livre, como os pássaros que com ela chegam...

segunda-feira, 1 de março de 2010

Para quê este blog?

Vá, um texto curto, um desabafo final. Nada muito elaborado.


Escrevo sempre tanto, falo tantas vezes demais. As minhas palavras perdem-se no ar, por cima da mesa de jantar, dentro do carro.
São tantas que metade não são ouvidas, um terço não são assimiladas.
Expresso-me bem, sou objectiva nas descrições, ágil nos recursos estilísticos, fluida nas narrativas, em verso ou em prosa.
Mas a mensagem não passa...
-Fala menos! Pensa só para ti, e se possível abstem-te de sentir.


Então, para quê este blog?
Para curar frustrações?
Para me afirmar enquanto pessoa completa?


Quanto vale o meu todo, se sou apreciada apenas em partes?

De que serve este pôr do sol, para os cegos de espírito?