domingo, 27 de dezembro de 2009

Tu não sabes...

Tu não sabes...

Quando tempo vais poder
Dizer "Este sou eu",
Gritar que o chão é teu,
Tu não sabes.

Que o céu chama por ti,
Quando à noite te sorri,
Quando as pétalas se abrem
Só por si,
Tu não sabes.

Quanto tempo irás pedir
Quando o sangue te fugir,
Quando o punho se fechar
Sobre ti,
Tu não sabes.

Que o sonho não morreu
Quando o beijo se perdeu,
Que a manhã não acabou
Só por nós,
Tu não sabes.


Que palavras vais usar
Quando o sono não vier,
Quando a noite te disser:
"Vem comigo".
Que loucura irás dizer
Quando a mão que te apertar
Te pedir para ficares
Só mais um dia,
Tu não sabes.



Pedro Abrunhosa



sábado, 26 de dezembro de 2009

Então?

Então?
Achas que me podes decifrar o paraíso?
Tudo o que hà de mágico no mundo, na natureza. Explicar porque chove e depois o céu volta ao azul sempre planeado...
Porque nascem pessoas inocentes, e morrem demasiado culpadas.
Porque as crianças sorriem sem pedir que as respeites.
Porque as minhas sardas vivem cor de laranja no meu peito.

Porque tudo o que vivemos foi perfeito, mas impossível de continuar.
Achas que podes trocar o céu pelo inferno, quando escolhes abraçar-me?
Trocar ser o meu heroi em vez do meu fantasma?

Eu calo-me se quiseres falar. Mostro que me preocupo com as histórias que contas de outros mundos que conheces, dos quais eu não sei falar.

Achas, então, que me podes explicar porque adormeces longe daqui, tão perto do frio e da minha saudade?

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

"i did it all for the nookie"

Quando os abraços eram apertados e o sorrisos não se mediam, quando as piadas eram fáceis e os olhares dispensavam comentarios, faziam-se tardes completas, que voavam com as horas, todos dias... Era alegria partilhada entra nós, por tudo o que inventávamos para rir, ou por quase nada.

Mais que os cigarros fumados às escondidas, ou as noites que descobrimos pela cidade, foi ficando a lembrança de pequenas coisas como o teu espelhinho de madeira, e o cheiro da tua àgua de colónia johnson's baby. Ficou guardada a maneira como rápidamente nos tornámos amigas.

Reparei, então, que te conheço tão bem, apesar de estar tudo tão diferente agora, apesar de ser tudo lembranças. E não gosto que assim seja, está errado, não achas?
Fomos mais do que aquilo que ontem se notou... Manhã vamos tentar mudar, voltar ao inicio.

Por todos estes anos, os de ausência mas acima de tudo os de partilha, vale a pena recomeçar.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Então nasce a raiva...

Da adolescência que ele me roubou, à maturidade que agora me dificultas, vai a distância de uma infância negada, que apenas passei em vez de viver.
Não perdoo apesar do tempo que passou, nem esqueço o abraço apertado que te peço todos os dias, quase sempre em vão.

Então nasce a raiva.
O nojo...
Em vez do luto apenas o desprezo, porque és minha familia.
Minha raíz.

Não choro, porque já não tenho idade, mas lamento por ti, alma vazia que não cumpre a sua história de mãe.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Um céu à minha espera






Por todas a vezes que te levantas e perdes a cabeça, pelos teus dias que só começam às 2h da tarde, pelas vezes que janto sozinha naquela mesa enorme.
Por todos os banhos que tomei para poder chorar sem ninguem me ouvir, e pelos whiskies que bebi para conseguir dormir mais cedo.


Sei que vou ter um céu à minha espera, uma sala com gente calma a ler, crianças a correr pela casa, e uma beleza que vai saber envelhecer comigo.
Vou ter beijos de paixão, abraços de carinho e afagos de respeito. Olhares cúmplices, risos de devaneio e ombros para chorar.


Tenho tempo para me oferecer tudo isto. Não pelos meus aniversários (nunca celebrados), mas por todo o tempo que andei por aqui e não me soubeste amar.