terça-feira, 5 de outubro de 2010

Só esta valsa

A felicidade sente-se quando não paramos para pensar nela.
Torna-se real sem se fazer notar. Apenas sabemos que esteve presente  porque respiramos fundo, e sorrimos.
É tranquila, serena, talvez até silenciosa. Tem picos de euforia quando se mostra em gargalhadas e borboletas no estômago.

Mas requer trabalho, exige-nos atenção. A Sra. Felicidade quer sempre ser conquistada, com afinco e determinação! E quanto maior for a luta, maior será a sua estadia no nosso peito.

Mas nunca fica por muito tempo, dança só uma valsa, e esconde-se logo a seguir...

Na verdade, só se deixa enamorar por quem souber reconhecê-la, nas coisas mais simples da vida!

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

      O tempo que ela dedicava não parecia pertencer-lhe, sentia que era apenas carinhosamente emprestado. Ao corpo que deitava na cama, não lhe procuravam a alma. Ao toque, a vontade de possuir.
Ela queria ser abraçada com fúria, e que lhe roubassem o ar. Queria uma cena de ciúmes! Sonhava que lhe trouxessem rebuçados de surpresa, que lhe cantassem baixinho.
Queria saber que, se saísse para sempre, iria ser chorada.
Havia ainda praias por descobrir, à noite, só os dois. Havia palavras gritadas, e gestos em público, que ficavam sempre por fazer. Era tudo calmo, silêncioso, a conta gotas...

        mas um dia leu algures...

"Se alguém não te ama da mesma maneira que tu,
não significa que não te ame da melhor maneira que sabe"


       Então, olhou para ele e viu-o, não como o homem com que tinha sonhado; não como aquele que amara um dia com tão suposta perfeição. Mas percebeu que havia outra pessoa a tentar amá-la, e compreende-la. Que não sabia mais nada para além disso, não tinha nada guardado no bolso, artes de sedução, truques de magia nem palavrinhas de fazer corar. 
Alguém que era apenas inexperiência e medo da entrega, olhos verdes, tranquilidade.

E deixou-se ficar.

Ele vestiu-lhe o pijama e aconchegou-lhe os cobertores. E ainda hoje ela respira fundo e sorri, sempre que acorda com ele...





sábado, 7 de agosto de 2010

Canção de embalar




Não tragas os medos para este espaço, tira as mágoas de dentro de ti. Descansa de espírito aberto, mesmo com a chuva espessa lá fora.

Silêncio!

Passa a mão pelo peito e inspira. Agora, desenruga a testa.
Deita-te comigo no algodão, aninha-te.
"Dorme que ainda a noite é uma menina, deixa-a vir também adormecer."
Amanhã haverá o Sol para aquecer o que restou de ti...


   Para a minha menina feita de maçã e canela


terça-feira, 20 de julho de 2010

  ...

De todas as tardes quentes, esta foi a mais longa, a que mais a fez pensar. O vento abafado que corria da terra sussurrava-lhe aos ouvidos promessas de flores oferecidas, roubadas de um quintal.
      Caminhava até casa embalada pelas palavras que se reproduziam na sua cabeça, e a faziam rir sozinha na rua...




                                                   -Janta comigo!

Quero apresentar-te ás estrelas,
que de noite me ouvem a agonia
e mostrar-te as ondas,
a quem me confesso de dia.
Quero fazer do teu abraço
a minha companhia,
da tua gargalhada
 a minha própria alegria.
Há um verde de lima
nos olhos e na esperança.
Há fogo e há trigo
no cheiro da tua trança.
És mais do que corpo!
És a fénix e a cinza,
és o que me falta num todo, 
és o perfume que fica!

quinta-feira, 8 de julho de 2010

A pequenez



Tenho pena dos que, tendo tanto, não conhecem

nada. Dos que, temendo o frio, não sentem o

vento!

Dos que já sabem tudo,

dos que não erram, e não se sentam no chão!

Lamento pelos que nunca perderam, pelos nunca

sofreram, pelos que nunca sujaram as mãos!

E Ai de quem nunca chorou! De quem nunca se

 arrependeu, de quem nunca precisou de

 um abraço.

Cartas à minha flor III

"Um dia vamos acordar com vontade de pular da cama. Vamos vestir linho,  passear os cães e trazer pão quente para casa. Vamos passar a tarde a escrever, e a comer melancia fresca. Vamos parar para apreciar o dia escurecer e a lua subir, cor de laranja.
Tu e eu, vamos ouvir quem amamos chegar a casa, tranquilamente.
Vamos jantar com muita gente à mesa, com confusão na cozinha, e cheiro a bolo de chocolate a torrar no forno.
Então, sentar-nos-emos no alpendre de casa a beber vinho, com uma caneta a prender o cabelo."

Um dia, minha flor, depois de tudo o que agora temos por fazer, vamos lembrar-nos da conversa de hoje e confirmar que realizamos mais do que se sonhou um dia.

sábado, 3 de julho de 2010

Afinal o tempo fica

Não páro as hora que fazem o tempo passar, nem as pessoas que me pedem para esperar, pensando que vivem o meu tempo e que eu partilho do meu.
Enquanto voam Primaveras e tardes amenas, eu fico aqui, mudo e renovo-me, mantendo-me sempre aqui.
As pessoas e o tempo passam, e nós passamos por ele, vivendo, enquanto na verdade ele se ri de nós. "Lutas miuda, para quê, por quem? Por que carícias forçadas pelo desejo da juventude, fugaz e vazio?"

Não páro nada à minha volta, só a minha respiração que, emocionada, se descontrola de cada vez que os nossos olhares se cruzam, a cada hora, em cada Primavera que passa.

"Afinal o tempo fica, a gente é que vai passando".

sábado, 29 de maio de 2010

Bom dia II





Roubo-te um beijo sempre que te digo bom dia. Sonho com o algodão doce da tua boca, de noite, e em finais de tarde, cheias de gente, quando ninguém repara que já não estou ali. Consigo ouvir a música do teu sorriso, e dançar com a sensualidade da tua imagem. Quero levar-te para longe, onde quem critíca não incomoda, e onde quem não sabe não chega lá. Quero misturar as nossas cores!
Eu e tu, temos tanto por fazer.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Hoje gosto de mim

      Fazes-me borboletas no estômago, e emprestas-me felicidade instantânea. Como certas drogas, outros venenos como tu.
O vento gela. Mas só o que me toca a cara, o resto condensa-se em forma de suor para me percorrer as costas demasiado vestidas para ti.
      Não adormeço nunca, em vez disso fico a ver-te dormir, e a respirar com dificuldade. Gosto muito!
Conto as rugas que já tens, as marcas das queimaduras que fizeste nos braços, e penso que és demasiado igual a mim em certas coisas.
      Acordas e levas-me para o banho, queres que a noite não acabe, e que o telefone não toque nunca mais. Tentas prolongar um bem-estar que não existe, é apenas esticar a corda.
      Amanhã já estarás com outra, e não me falas... És doente, e adoeces-me a mente com tudo isto.

      Hoje gosto de mim, em primeiro lugar, acima de tudo, e de ti.
Não jogo às escondidas no teu sofá. Já não aceito o teu fio de prata.
Já não me dizes nada que valha a pena arriscar o meu tempo contigo, o meu pescoço.

O teu circo excedeu a lotação de histórias com mulheres. Es só isso, espectaculo fácil e degradante.



domingo, 25 de abril de 2010

Esquina de rua

"Tinhas o corpo cansado
E a cidade era tão fria.
Ninguém dormia a teu lado,
Ninguém sabia que amado
O teu corpo se acendia.


Andavas devagarinho
Pelas ruas de Lisboa
Em busca de algum carinho
Que fosse pão e vinho,
E te desse noite boa.


Eras triste e sorrias,
E mais nova se choravas
As palavras que dizias.
Tinhas dores e alegrias,
Mas só ternura deixavas.


Por ti não houve ninguém
Para quem te desses nua.
Podias ter sido mãe,
Podias ter sido alguém,
Mas foste esquina de rua."

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Ele não sabia chorar

Ele perdeu-o, deixou-o voar. O balão fugiu-lhe por entre os dedos, numa pequena distracção. Parou, quieto e calado, e pensou em chorar, mas não sabia fazê-lo. Então encolheu os ombros, continuou a caminhar.
Andou, andou, perdeu-se na cidade, conheceu cores novas, outros cheiros.
Até que se cansou de risos fáceis mas que não lhe faziam companhia.
Essa noite deitou-se sóbrio, e sentiu-se sozinho. Lembrou-se "aquele balão ainda tinha o sopro dela.."
Então pegou no telefone, mas já era tarde. A noite tinha avançado com as horas. Quis voltar a falar mas desistiu, o orgulho era mais forte. E ele não sabia chorar...

O dia amanheceu.

Ela bateu-lhe à porta, arrancou-o da cama, berrou-lhe os ouvidos! Abanou-o pelos ombros, mostrou-lhe que alguma coisa estava a morrer. A apatia, a preguiça, o egoismo estava a afogar o que ele mais queria,  quem o tinha ensinado a amar.

Deixou-o no chão, nu, sem sossego. Com a água a correr.

Voltei para casa. Estou sentada a escrever, à tua espera.

sábado, 17 de abril de 2010

Apenas coisas

Há coisas que, apesar da nossa dedicação, não mudam. Coisas que transformam o nosso esforço em insistência, e mais tarde a insistência numa luta pessoal.
Há coisas que por serem repetidas, já não magoam, apenas desiludem.
Estas certas coisas na verdade são pessoas que tratam o que nos é importante... como uma coisa qualquer!

sexta-feira, 9 de abril de 2010

O teu passarinho meu

No fundo das tuas costas mora um passarinho verde, que me canta baixinho, e me conta segredos quando adormeces. Nunca me esqueci dele, nem das tuas pestanas russas pelo sol, e do teu amor por mim que o fazia cantar.


E perguntas-me tu por ele, que não o ouves nem ninguém o vê...


Pois é só comigo que ele fala, só a mim canta baixinho. O verde daquelas penas é meu!
Assim como as tuas pestanas russas e os teus segredos enquanto dormes!

terça-feira, 23 de março de 2010

Festas privadas







Havia um tempo em que eu me pensava presa, em que aquela união me sufocava, e a partilha diária me roubava pedaços meus. Sentia-me fechada, contida. A estabilidade eram muros, tão altos como a minha vontade de fugir.

Então escondia-me, vestia disfarçes, trocava de olhar, para mais tarde trocar de história. Adiantava o passo, corria pela noite e deixava-me apanhar.
Viajava com pressa e extâse, e com tanta solidão. Partilhava segredos, filmava pecados. Abria as portas ao Diabo para as nossas festas privadas.
Manhãs de riso e ressaca, depois das noites cúmplices, com sabor a glória.
Casas, ruas, e praias. Salas com gente e fumo, corredores apagados, e mundo e suspenso. Dormir é queimar tempo, ou mostrar afecto, por isso vou para casa. Tomo um banho, lavo a cara sem vergonha, e desco à Terra. "O que se passa na noite fica na noite", e voltava sempre ao meu mundo sem pesos na consciencia.

Agora, visto de cima, ficam as saudades daquela união que me alimentava, da partilha que me aconchegava os dias, e de todo o tempo em que eu na verdade não sabia sentir.

segunda-feira, 22 de março de 2010

É então Primavera! Ou eu acordei de novo livre, como os pássaros que com ela chegam...

segunda-feira, 1 de março de 2010

Para quê este blog?

Vá, um texto curto, um desabafo final. Nada muito elaborado.


Escrevo sempre tanto, falo tantas vezes demais. As minhas palavras perdem-se no ar, por cima da mesa de jantar, dentro do carro.
São tantas que metade não são ouvidas, um terço não são assimiladas.
Expresso-me bem, sou objectiva nas descrições, ágil nos recursos estilísticos, fluida nas narrativas, em verso ou em prosa.
Mas a mensagem não passa...
-Fala menos! Pensa só para ti, e se possível abstem-te de sentir.


Então, para quê este blog?
Para curar frustrações?
Para me afirmar enquanto pessoa completa?


Quanto vale o meu todo, se sou apreciada apenas em partes?

De que serve este pôr do sol, para os cegos de espírito?

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

O que eu queria

Apetecia-me ficar no meu canto.
Ter companhia sem fazer conta com ela.
Seduzir sem saber que já tenho o jogo ganho.

Queria não saber qual é o próximo passo.
Não olhar para o bem-estar como uma rotina.
Não pensar por dois.

Na verdade,

Queria apenas não me apaixonar, para não me desencantar.
Não confiar, para não me desiludir.
Não me entregar, para não ficar sem nada.

Queria não ver em tantas coisas boas, um fim anunciado, que desta vez ainda sonho que seja diferente.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Aquele cansaço










Tenho um cansaço no corpo que se confunde com o da alma. Doem-me as costas,e as bochechas de sorrir por conveniência. Pesa-me a maquilhagem ilusionista. Tenho fumo nos pulmões até me arranhar a garganta, já rouca. Estou sem sardas, sem paciência. A roupa bonita perdeu a graça do principio da noite. Quero prender o cabelo, descer destes saltos. Quero sentar-me no banho, e adormecer nos meus lençois frescos. Vou tirar a máscara...

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

6 anos depois

A minha menina tens caracóis soltos, num jardim de cabelos castanhos que brilha sempre que olhamos para ela. Tem olhos negros, que ora me confortam, ora me roubam o chão, de medo.
Ela sorri, sorri sempre. Passeia pela casa alegremente e beija os meus pais. Ela nunca se cansa de sorrir, pensamos nós.
A menina, ontem roliça e tão boémia, hoje dorme mais cedo, pensa mais em si. Descobriu um coraçao dentro do seu peito. E é leve como eu, vulnerável como quem já amou.
Perdeu inocência, perdeu algum folego... Mas brilha, como dantes, e sonha (espero eu).

Tenho-a de novo, ainda não ao meu lado, mas no meu caminho. Chegou, então, a altura de agradecer o pedido que fiz naquela igreja do Chiado...

Para mim

Aos bocadinhos, não quero.
Pouco, não chega.
Só quando é fácil, não aceito.
Apenas prazer, não preciso.
Porque sou bonita, é vazio.
Por delicadeza, magoa-me.


Se não adoras não toques.

Se não compreendes não aceites.

Se não concordas não fiques.

Se não sabes chorar, não tentes amar.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Conforto

O andar não mudou, nem o riso pelo nariz quando em tom de troça, ou o negro dos olhos redondos.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

;)





Obrigada  Rita Sá, pela pureza.
               Obrigada Martim,
pela descoberta.                                    Obrigada Filipa, pela comunhão perfeita.

                              Obrigada Catarina,
                                                       pelo colo de mãe.
                     Obrigada Nuno,     
pela cumplicidade.      
Obrigada Zé, pelo respeito.
Obrigada Miguel, pelo aconchego..

                                                                                             Obrigada Frederico, pelo novo sentido a tudo..




Não seria metade do que sou sem terem passado pela minha vida. Espero ter sempre um lugar na vossa...

domingo, 3 de janeiro de 2010

apetecia-me dizer:

Gosto de estar contigo. Gosto de ti, não sei ainda de que maneira ou com que intensidade, mas sei que gosto.
Gosto do teu cheiro, já o reconheco. Gosto do teu riso, da tua alegria entre os amigos. Gosto de te observar, de te ouvir explicares-me um filme, ainda que eu esteja já meio a dormir.
Gosto do teu calor, do abraço sem roupa. Gosto da tua calma, sempre.

Gosto de saber que amanhã ainda estarás cá.