quarta-feira, 29 de julho de 2009

Um dia vais ler o que escrevo

Um dia vais ler o que escrevo, o que tenho pensado sobre ti. Vais sentir as palavras que doem e o silêncio que pesa quando não há mais nada a dizer.
Um dia quando leres o que escrevo vais poder contar as noites que não dormi, que procurei formas de te susbtituir, e que voltei ao caderno para falar sobre ti.
Ninguém te dedica tanto tempo, atenção, ninguém te entrega tantos pedaços de vida como eu.
Não vivo a sofrer por ti, isso já passou. Eu vivo contigo, tranquilamente, ao meu lado.
Um dia (..), depois de leres o que escrevo vais perceber que foste amado, e que a distância apenas teve razão para sentires que podemos nascer de novo, e refazer a história.
Podemos até nem voltar a amar-nos, e eu (já) não lamento inconformávelmente essa possibilidade. Aceito que o tempo passou, que o sentimento acabou e que ficaram apenas as histórias.
Podemos nunca mais nos ver. Mas um dia vais ler o que escrevi, o que esperei por ti e o que tive de aprender sozinha.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Supostamente




Queria escrever como todas as noites em branco, mas para quem?
Partiram todos.
Queria desabafar a tempestade que não me deixa dormir, mas nem sei por onde começar.
Talvez já não haja mais nada a dizer, já foi tudo reflectido, as conclusões existem, eu é que não quero aceitá-las. Virar a página é então a solução, mas e a coragem, existe? Sou (supostamnete) a miúda mais forte que todos (pensam) que conhecem. A mais audaz, e mais paciente.



Na verdade sou uma alma pesada dentro de um corpo bonito e que sorri sempre.
Sou palhaça de mim mesma para amenizar o cansaço da desilusão.


Quero apenas adormecer depressa! Estar acordada tem sido torturante. Há muito que não sentia esta distância entre mim e a vida.
Mas passa, passa sempre. E quando não é possivel ultrapassar, varro para debaixo do tapete, e no dia seguinte eu e o meu blush sorrimos novamente.
E o sono tarda a chegar...
Partiram todos não foi? Os meus passarinhos voaram, e reparei que a Lua está feia e não me ilumina o quarto.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Noites em que não durmo

Adoro as noites em que não durmo, em que saio para a rua ver passar gente, e o próprio tédio passar-me ao lado.
Gosto sobretudo quando me visto bem, assumo personagens, me aprumo e me sinto gira. Noites em que encanto quando sorrio, quando danço, e finjo estar abstraída do mundo.
Na verdade estou a espantar a solidão, a deixá-la para mais tarde. Estou a roubar importância ao que me corrói se ficar em casa... na minha casa. Montanha gélida de vendavais, árvore despida, sem braços para me aquecer. Trago gente para as minhas noites sozinhas, que em vez de tristes, se tornam eufóricas e tão fugazes. E adiu o que sinto hoje irremediávelmente.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Depois de amar-te a ti

Sonhei que te esquecia, que te arrumava quieto e mudo, que não eras presente em mim, nem no meu espirito.
Sonhei que já não chamava por ti, que todo o resto era suficiente, que me dava alegria e alento.
Sonhei (...), que tocava outra vez as estrelas, que os pirilampos me abençoavam as noites, e que eu podia voar sem as tuas asas.
Tardes encantadas, madrugadas longas. Momentos breves de tão perfeitos, e que eu já tinha esquecido.
Castelos de cartas afinal. Bem-estar que parece que não mereço, porque tarda em permanecer meu.
Afinal não te esqueci (...)
Afinal não é possivel apagar-te quando ainda nenhuma alma me tocou como a tua. Não consigo, e não quero talvez.
Penso em ti ainda, na nossa Lua encantada, e no teu assobio quando entras em casa.
E enquanto espero moldo a minha vida, aperfeiçoo-me- Será que o suficiente para voltares?
Não é possivel amar ninguem depois de amar-te a ti. Os olhos não se enchem de lágrimas na ausência, e as borboletas não voam no estômago pela alegria.
Os medos que transporto comigo, a escoridão e os abismos que por vezes não suporto, só em ti terminam. E apenas ao teu lado sorrio com todos os sentidos. Só no teu abraço cabe todo o meu corpo, que entreguei pela primeira vez.
Não minto que duvidei, que ousei dizer que te esqueci... mas não seria possivel.
Esquecer-te significa perder metade de mim. Tão agonizante como nunca mais adormecer.
Esquecer-te é morrer e ter de andar por aqui...

domingo, 5 de julho de 2009

Estrela desenhada





Ainda somos do tempo em que eu pensava e tu dizias, em que tu começavas e eu concluía.
Daquele tempo em que havia tempo para nós, alegria em cada minuto e dedicação em cada gesto.
Ainda me lembro do tempo em que os nossos pulsos foram os primeiros segredos partilhados, em que os desejos contidos se assumiram em voz baixa.

Agora, por vezes, olho para ti e não me lembras nada. Sinto que ando por aqui e não me vez, que posso chorar mas não me vais ouvir.
Vulgarizámo-nos talvez. Corremos tantos atrás dos nossos sonhos que nos atropelámos.
Crescemos muito, mudámos, e de certa forma fomos conseguindo conjugar as nossas personalidades.

Mas por vezes falta a compreensão, o amparo, o abraço e o sorriso cúmplice.
Pior que isso, e por essa razão te escrevo, por vezes falta a verdade. Incontornavel razão porque nos escolhemos.
Abracinhos forçados, bons-dias sem alegria agora é tão vulgar. E as meias verdades que mais não são que mentiras piedosas.
Conheci-te ainda miuda e escolhi trazer-te comigo.
Se depois de cresceres é nisto que te tornas, então esquece aquilo que desenhámos no braço direito, num sábado à tarde.

O teu silêncio

Dói-me tudo. A alma, o coração, e as lembranças. Dói-me e revolta-me a mudança repentina ou a verdade afinal sempre escondida. Dói-me o silêncio acima de tudo.
Quero arrancar-te do peito, miúdo que não foste nada. Preciso de superar, inventar força para te tirar importância. Choro como há muito não sofria, e desespero como há tanto tempo não lembrava.
É ridículo; exagerado o que sinto. Mas é a verdade assumida
Anjo da guarda, doce companhia, dá-me paz para que o sono venha e me deixe sossegar. Os meus olhos já choraram demais, e os pulsos foram de novo tocados.
Não escrevo para ti, mas por ti. Nunca te contaria as fábulas que escrevo nestas folhas, porque ainda é tenra a tua vida. Mas sei que são puros os teus sentimentos, e que poderia partilhar muito de mim contigo.
Dói tanto a saudade, sabes o que é? Sabes o que é dar de novo uma sentido à Lua, e depois... distância. Dar-me a ti, aos pedaços, e em segundos são só lembranças?
Queria raiva e râncor dentro de mim. Queria aquele desprezo habitual a quem foi rejeitado. Mas eu não sou assim.
Eu ainda espero. Ainda rio das tuas coisas boas, ainda te adoro miúdo meu, pureza de raça, alegria no espírito. Fumo de fogueira cigana, que demorou muitas noites para me conseguir encantar, mas que permanece até hoje.
Só queria saber o que correu mal, onde errei, o que não soube dar. Queria saber quando deixaste de partilhar do sentimento, ou na verdade, quando começaste a mentir.
Esta distância que afinal sempre existiu é a maior desilusão.
Dói-me a saudade, o vazio de ti, o teu cheiro que ficou em mim.
Dói-me a saudade J, tanto.