segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Não me chateia

Há dias em que quero escrever mas não consigo. Às vezes levanto-me a meio da noite cheia de ideias, mas não consigo tranformá-las em frases.
Hoje, o que me fez abrir o caderno às 4h30 da madrugada foi a inquietação que a pequenez de certas pessoas me causa.
Gente que não pára para reflectir antes de apontar críticas, gente que vomita morangos com açúcar e ideias mal fundamentadas.
Como aquelas pessoas que decoram textos de alguém famoso e usa como argumento.
Não me chateia (depende dos dias) o limite de raciocínio da aldeia social que me rodeia porque eu sei o meu lugar e o meu espaço mantém-se protegido.
Mas hoje, acordei a meio da noite, e lembrei-me das definições que me são aplicadas, e até dos adjectivos subentendidos que se vão descobrindo com o desenrolar das conversas. Faz-me rir, de facto! A minha tranquilidade e auto-paixão assim o permitem. Aprendi que a M pintada por algumas pessoas, a dada altura, não pode começar a fazer sentido acima de tudo para mim.
Por vezes, de tanto nos apercebermos e ouvirmos repetidamente que temos uma determinada personalidade, começamos nós próprios a deixar-nos convencer também disso. Começamos a acreditar que as nossas atitudes são erradas, e que qualquer característica que nos diferencie dos outros são apenas defeitos.
Penso que no presente é diferente, esse tipo de crítica não me toca.
Tenho pena do tempo que se desperdiça a fazer juízos de valor e a elaborar teorias sobre atitudes que nos são alheias.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Minha flôr





Poderias ter-me salvo em tantos momentos, de tantas falésias. De lágrimas tão longas e cansadas. Do desespero que se torna silêncio quando já não resta mais força para lutar.
Eu teria sofrido menos, teria dormido melhor, e teria até tido mais razões para acordar.
Não foi por arrogância ou elitismo, nem mesmo por esquecimento que me afastei de ti, que afastei de mim os anos de alegria e amizade tão leves.
Mas já passou, o tempo apurou-nos os sentidos e o valor pelos dias que passamos juntas. Agora percebo tantas coisas e tão claramente, agora leio sem saltar capítulos.
Hoje vejo o quanto me poderias ter ajudado, e sinto-me parva por ter pedido essa ajuda a gente tão diferente de ti, e por isso tão incapaz e limitada.
Mas estás ao meu lado novamente, mais uma mão para me guiar quando escurece e para eu mimar muito.
"Estou contigo e não abro" lembras-te? Somos muito diferentes, em quase tudo, mas a raiz é igual.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Vamos tomar um banho gelado!




Não me adores, envolve-me!
Diz-me que te dou a volta à cabeça sem nunca te tocar o coração.
Não me compreendas, não me encantes, e não me aconchegues antes de adormecer.
Dá-te só um bocadinho, aos poucos, a muito custo.

Os abraços que te dou não são para te sentir respirar.

Tenta não me olhar nos olhos, não morder o lábio enquanto me ouves. E o meu cabelo, não lhe sintas tão profundamente o perfume.
Nem penses colar-te ao meu pescoço e respirá-lo, para de seguida sossurrares o meu nome, como se sempre o tivesses sonhado.
Ah! A tua pele morena que não toque a minha, não quero sentir o teu calor nem o peso do teu corpo perfeito.
Por favor essa música não, não agora.

O ambiente, o clima que nos embriaga a mente e nos deixa tão leves, esquece!

Não me toques assim, não proves que sabes, não sorrias hoje para mim.
Não quero, não podemos.

Mas não te sei mentir!

Faltas tu

Esta é a parte da noite em que todos vão para casa, acompanhados. Em que qualquer violoncelo que toque eu vou sentir a falta de algo. E dói pelo tempo que passou, e dói mais ainda só de saber que é passado, e que qualquer promessa minha de sorriso morre na tua ausência. Não de atenção que há sempre quem empreste, mas de amor, e partilha, meu amor, que ninguém te respira e te sente em cada movimento como eu. Até já... Meu amor nunca sonhado.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Nasceu derrotado



Já tive sofrimentos bem grandes e difíceis de ultrapassar. Este sentimento não é mais forte do que os outros, é na verdade mais cansado, mais desiludido. Este não consegue engolir a felicidade dos outros, revolta-se pelo tempo que passou desde o tempo em que era alimentado.
Este sentimento não teve oportunidade de crescer, já nasceu derrotado, emprestado, e sem valor.
Foi um sentimento que fingiu sempre não existir para não incomodar, foi apenas ficando. E agora não está em lugar nenhum, viaja de beijo em beijo, e nunca fica para amar porque não é aquela a sua casa.
Ainda o trago comigo, fechado e a pertado, a ver se morre.
Um dia há-de desaparecer da minha caixinha, e eu vou pensa-lo dispensavel, e lembra-lo como exagerado e parvo.
 

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Não posso mentir






Tenho saudades tuas! Poxa, tenho e não posso mentir. Escondo-me atrás de portas mal fechadas, tranco as janelas, mas não fujo para muito longe. Tudo me lembra de ti. Não há regaço que me aconchegue, nem cidade que me ofusque as lembranças.
Tenho saudades, e minto quando falo sobre ti, continuando a engolir as lágrimas que me são proibidas.
Falo sem nexo e sinto sem sentido, confundo sonhos e histórias.
Não te amo e talvez nem te queira para mim, mas tenho saudades tuas J.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Conversa no carro

Não voltes como dantes... fresca, completa, ingénua. Não espero a tua graça de menina, a tua pureza até nos erros. Não peço que sejas como no princípio, que estejas presente nos piores momentos (já sobrevivo sem ti), e por favor não jures que me amas (apesar de eu te amar) na tua próxima bebedeira, na casa de banho de um bar qualquer. Cansei da poesia que o alcóol te faz contar em palavras enroladas e lágrimas confusas. Volta renovada, volta com sinceridade. Com consciência do que somos sozinhas.
Volta num todo. Sem restrições, sem espaços em branco ou meninas pelo meio. És tu ou não és.
Não te divido... aceitas isso ou desistes de vez.
Já não há espaço para erros. Esgotou-se toda a paciência, o coração quer descansar.
Aceito-te como tu a mim, ou não vale a pena continuar a escrever.
O tempo passou, o castelo ruiu, o mundo comentou e ri de nós neste momento.
Não é com passividade que este assunto morre, depende de força e atitudes para se resolver. Pensa. Depende de ti.