sexta-feira, 23 de abril de 2010

Ele não sabia chorar

Ele perdeu-o, deixou-o voar. O balão fugiu-lhe por entre os dedos, numa pequena distracção. Parou, quieto e calado, e pensou em chorar, mas não sabia fazê-lo. Então encolheu os ombros, continuou a caminhar.
Andou, andou, perdeu-se na cidade, conheceu cores novas, outros cheiros.
Até que se cansou de risos fáceis mas que não lhe faziam companhia.
Essa noite deitou-se sóbrio, e sentiu-se sozinho. Lembrou-se "aquele balão ainda tinha o sopro dela.."
Então pegou no telefone, mas já era tarde. A noite tinha avançado com as horas. Quis voltar a falar mas desistiu, o orgulho era mais forte. E ele não sabia chorar...

O dia amanheceu.

Ela bateu-lhe à porta, arrancou-o da cama, berrou-lhe os ouvidos! Abanou-o pelos ombros, mostrou-lhe que alguma coisa estava a morrer. A apatia, a preguiça, o egoismo estava a afogar o que ele mais queria,  quem o tinha ensinado a amar.

Deixou-o no chão, nu, sem sossego. Com a água a correr.

Voltei para casa. Estou sentada a escrever, à tua espera.

1 comentário:

Diz-me o que pensas...