quinta-feira, 9 de setembro de 2010

      O tempo que ela dedicava não parecia pertencer-lhe, sentia que era apenas carinhosamente emprestado. Ao corpo que deitava na cama, não lhe procuravam a alma. Ao toque, a vontade de possuir.
Ela queria ser abraçada com fúria, e que lhe roubassem o ar. Queria uma cena de ciúmes! Sonhava que lhe trouxessem rebuçados de surpresa, que lhe cantassem baixinho.
Queria saber que, se saísse para sempre, iria ser chorada.
Havia ainda praias por descobrir, à noite, só os dois. Havia palavras gritadas, e gestos em público, que ficavam sempre por fazer. Era tudo calmo, silêncioso, a conta gotas...

        mas um dia leu algures...

"Se alguém não te ama da mesma maneira que tu,
não significa que não te ame da melhor maneira que sabe"


       Então, olhou para ele e viu-o, não como o homem com que tinha sonhado; não como aquele que amara um dia com tão suposta perfeição. Mas percebeu que havia outra pessoa a tentar amá-la, e compreende-la. Que não sabia mais nada para além disso, não tinha nada guardado no bolso, artes de sedução, truques de magia nem palavrinhas de fazer corar. 
Alguém que era apenas inexperiência e medo da entrega, olhos verdes, tranquilidade.

E deixou-se ficar.

Ele vestiu-lhe o pijama e aconchegou-lhe os cobertores. E ainda hoje ela respira fundo e sorri, sempre que acorda com ele...





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